A longevidade em Santa Catarina avança

Qualidade de vida e seus reflexos.

DMA – IA

Santa Catarina envelhece — e vive mais: IBGE mostra que o estado já tem mais de 10% de moradores com 65+
Censo 2022 confirma avanço do envelhecimento; especialistas apontam queda da fecundidade, migração e condições de vida como motores do fenômeno

O Brasil entrou de vez na era do envelhecimento: em 2022, 10,9% da população tinha 65 anos ou mais (22,2 milhões de pessoas), alta de 57,4% desde 2010. Santa Catarina acompanha (e acelera) essa transição: 10,4% dos catarinenses já estão nesse grupo etário.


O retrato catarinense

  • 65 anos ou mais: 10,4% da população (Censo 2022).
  • Índice de envelhecimento: 55,8 — são 55,8 idosos (65+) para cada 100 crianças de 0 a 14 anos.
  • Contexto nacional: regiões Sul e Sudeste têm as maiores proporções de 65+ (12,1% e 12,2%).
  • Liderança no país (comparação): o Rio Grande do Sul tem a maior fatia de 65+ (14,1%), seguido de Rio de Janeiro (13,1%) e Minas Gerais (12,4%). Santa Catarina integra o bloco mais envelhecido, mas não é o 1º nesse ranking.

O que explica a longevidade e o envelhecimento em SC

1) Fecundidade em queda e maternidade mais tardia
As catarinenses tiveram 1,51 filho por mulher em 2022 (abaixo do nível de reposição de 2,1), entre as menores taxas do país — e o primeiro filho, em média, depois dos 28 anos. Famílias menores “estreitam” a base da pirâmide etária.

2) Atração de migrantes
Entre 2017 e 2022, Santa Catarina liderou o ganho populacional por migração interna no Brasil, segundo o Censo. Parte desse fluxo é de famílias em busca de emprego e qualidade de vida — o que, no médio prazo, tende a “madurar” a estrutura etária.

3) Expectativa de vida historicamente alta
Antes da pandemia, SC liderava a expectativa de vida no país (79,9 anos em 2019; média brasileira 76,6). O Brasil caiu para 75,5 anos em 2022 e voltou a subir para 76,4 em 2023; Santa Catarina segue entre as unidades mais longevas.

4) Desenvolvimento humano e renda
Santa Catarina figura entre os maiores IDHM do país (0,792 em 2021, proxy de renda/educação/saúde), atributos associados à maior sobrevivência e envelhecimento saudável.

5) Ambiente de segurança
O estado apresenta as menores taxas de homicídio do Brasil (c. 9 por 100 mil em 2023, segundo o Atlas da Violência 2025), fator que influencia indicadores de mortalidade — sobretudo entre jovens.

6) Saneamento: avanço desigual
A água encanada chega a 89,6% dos catarinenses, mas a coleta de esgoto cobre 34% — um gargalo para saúde pública diante de uma população mais idosa.

Cautela: esses fatores ajudam a explicar o quadro, mas não provam causalidade isolada. Longevidade é resultado de um conjunto de determinantes sociais da saúde (educação, renda, cuidados preventivos, ambiente e segurança).


Como SC se compara ao mundo

  • Japão é o caso-limite do envelhecimento: 29,1% da população tinha 65+ em 2023, segundo o governo japonês.
  • Portugal superou 24% de 65+ (2024), com índice de envelhecimento de 192 idosos para cada 100 jovens.
  • Itália também opera nessa faixa (24% de 65+). Em outras palavras, Santa Catarina está bem abaixo dos níveis europeus e do Japão — mas acelera na mesma direção.

O que observar daqui para frente

  • Saúde do idoso: expansão da Atenção Primária (ESF), controle de crônicas (hipertensão/diabetes) e reabilitação pós‑quedas serão cada vez mais centrais.
  • Cidades amigas do envelhecimento: mobilidade, moradia e cuidado de longa duração precisarão acompanhar a mudança do perfil etário — especialmente no litoral, onde o fluxo migratório é maior.
  • Mercado de trabalho e previdência: mais gente vivendo mais tempo pressiona previdência e saúde — tendência já evidente em países mais envelhecidos.

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