Foto NASA

Andrômeda, a vizinha que intriga

Vista da Terra como uma tênue mancha esbranquiçada nos céus escuros, Andrômeda (M31) é a grande espiral mais próxima da Via Láctea e, ao mesmo tempo, um laboratório natural para entender como galáxias nascem, crescem e colidem. Em anos recentes, imagens profundas do Hubble costuradas em um gigantesco mosaico revelaram centenas de milhões de estrelas e faixas de poeira com nitidez inédita — um retrato que vem guiando novas hipóteses sobre a história dessa vizinha cósmica.

Ficha técnica e curiosidades

  • Distância da Terra: ~2,48 milhões de anos-luz.
    Tamanho (diâmetro): ~200 mil anos-luz.
  • População estelar: mais de 1 trilhão de estrelas, bem acima das “centenas de bilhões” típicas de uma galáxia grande.
  • Brilho e tamanho aparente no céu: magnitude ~3 (visível a olho nu, mesmo com poluição luminosa moderada) e extensão de cerca de 3° × 1° — algo como seis luas cheias enfileiradas em largura, mas com brilho superficial baixo.
  • Coração peculiar: um buraco negro supermassivo estimado em ~100–140 milhões de massas solares e um “núcleo duplo” (dois picos de luz muito próximos), observado pelo Hubble.
  • Atmosfera invisível gigante: um halo de gás quente que se estende por ~1,3 milhão de anos-luz (e em algumas direções até ~2 milhões), possivelmente tocando o halo da Via Láctea.
  • Entourage: as anãs M32 e M110 são satélites bem conhecidos e aparecem em fotos de campo amplo junto à M31.
  • Movimento e futuro com a Via Láctea: Andrômeda se aproxima a ~110 km/s e as melhores medidas indicam um encontro/“fusão” em ~4–5 bilhões de anos. (Há estudos testando cenários alternativos, mas a previsão clássica segue dominante.)
  • Megamosaico do Hubble: para mapear M31 com resolução estelar, o Hubble levou mais de 10 anos e 600+ campos sobrepostos; o mosaico reúne bilhões de pixels e resolve ~200 milhões de estrelas numa faixa do disco.

Para observar

Procure um céu escuro no fim do inverno/início da primavera do Hemisfério Norte (ou primavera/início do verão no Sul). A olho nu, Andrômeda surge como um brilho difuso na constelação homônima; binóculos já realçam o núcleo alongado e, em boas condições, deixam entrever M32 e M110 como manchinhas ao lado.

Em suma: uma vizinha próxima, enorme e ativa — com 1 trilhão de estrelas, um núcleo intrigante, um halo que toca o nosso e um encontro marcado (provável) com a Via Láctea em alguns bilhões de anos.

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