Brasil, o país dos juros altos.
Precisamos destravar e definitivamente resolver este problema.

Brasil convive há décadas com juros entre os mais altos do mundo, e o impacto pesa no bolso de todos
Empresários e consumidores enfrentam um dos maiores desafios da economia nacional: o custo do dinheiro. Taxas elevadas de crédito freiam investimentos, limitam o consumo e travam o crescimento.
O Brasil convive, historicamente, com uma das taxas de juros mais altas do planeta. Mesmo em períodos de estabilidade inflacionária, o custo do crédito segue como um dos grandes entraves para quem quer empreender ou financiar o próprio consumo. O impacto é sentido por todos: empresas, famílias e o próprio Estado.
Investimento caro e crescimento lento
Para o setor produtivo, juros elevados encarecem o capital de giro — o recurso que mantém as operações entre a compra e o recebimento das vendas. Com custo alto, o caixa das empresas fica pressionado e projetos de expansão ou modernização são adiados.
Além disso, bancos exigem mais garantias e prazos menores, o que afasta pequenas e médias empresas do crédito formal. O resultado é menos investimento, produtividade travada e perda de competitividade frente a países onde o financiamento é mais acessível.
Crédito restrito e endividamento crescente
O efeito no cotidiano das famílias é direto. Financiamentos habitacionais, empréstimos pessoais e parcelamentos no cartão ficam mais caros, reduzindo o poder de compra e o consumo. Em momentos de aperto, recorrer ao rotativo ou ao cheque especial pode transformar pequenas dívidas em grandes problemas, devido aos juros compostos.
Com isso, o consumo — um dos motores da economia — desacelera, afetando o comércio e os serviços, o que reforça o ciclo de baixo crescimento.
O custo Brasil financeiro
Além da taxa básica, outros fatores aumentam o custo do dinheiro no país: spreads bancários elevados, carga tributária sobre operações financeiras e pouca concorrência efetiva entre instituições. Isso explica por que, mesmo com reduções na taxa Selic, o crédito demora a ficar mais barato para o consumidor final.
O ambiente de juros altos também incentiva investidores a preferirem títulos públicos de baixo risco, em vez de financiar empresas, startups ou infraestrutura. É um círculo vicioso que mantém o país dependente do crédito caro e de curto prazo.
O dilema econômico
Importante registrar que o Banco Central mantém juros elevados, muitas vezes, para conter a inflação e proteger o poder de compra. No entanto, esse equilíbrio é delicado: o mesmo remédio que combate a alta de preços também esfria a economia e inibe o investimento produtivo.
Perspectivas e caminhos
Reduzir estruturalmente o custo do crédito no Brasil passa por reformas que aumentem a confiança fiscal, ampliem a concorrência no sistema financeiro e estimulem a produtividade. Iniciativas como o open finance, as fintechs e as cooperativas de crédito já começam a oferecer alternativas mais baratas, mas ainda em escala limitada.
Enquanto isso, empresários seguem administrando margens apertadas e famílias aprendem a conviver com o peso das parcelas. É o retrato de uma economia que, há décadas, luta para fazer o capital trabalhar a favor do crescimento — e não contra ele.
