Briga pública no PL é erro estratégico primário.
Lideranças do partido entregam munição aos adversários e desgastam sua própria imagem.

Divergências existem em qualquer partido — e, quando bem conduzidas, aprimoram estratégia e discurso. O que não se admite é lavar roupa suja em público. A troca de ataques entre Ana Campagnolo, Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Carol de Toni nas últimas horas expõe um erro tático e estratégico: desloca o foco do adversário para o autofagia, obriga a base a tomar lado e cria manchetes que perdem o timing da pauta e ganham o topo do noticiário pelos motivos errados. Pior: esse embate não altera a correlação de forças onde importa — nas mesas de negociação — e só amplia o custo de recompor a unidade mais adiante.

Quem já passou por mais de um pleito sabe: reivindicações e pressões são “do jogo”, mas se resolvem no foro adequado, com quem bate o martelo e no tempo certo. Antecipar disputa por espaço em ano pré-eleitoral apenas antecipa o desgaste e cristaliza vaidades. Em vez de acumular capital político, queima-se cartucho. Em vez de organizar a tropa, desorganiza-se a narrativa. E, enquanto a militância perde energia defendendo figuras do mesmo campo, os adversários assistem gratuitamente a um roteiro de divisão pronto para ser explorado na campanha.

A conduta correta, neste momento, é freio de arrumação. Recue um passo, baixe o tom, suspenda impulsos de “responder na hora” e retome a conversa dentro do partido, com critérios claros de decisão e cronograma alinhado ao calendário eleitoral. Isso preserva a gestão de imagem, evita direitos autoatribuídos por declarações públicas e mantém o partido com capacidade de manobra quando a janela legal se aproximar. Ao eleitor médio, interessa proposta, resultado e equilíbrio — não um feed de intrigas.

Este editorial é um alerta direto: sigam a cartilha básica da política profissional. Divergências, porta fechada. Estratégia, unidade externa. Comunicação, disciplina. Continuar na lógica do embate público é aumentar o desgaste de todos e enfraquecer o projeto que dizem querer fortalecer. Quem insiste em ganhar hoje uma discussão nas redes corre o risco de perder amanhã nas urnas.
