A alma do negócio: o “segredo” no futebol, a taxa de segurança e as paixões de ocasião — por JB Telles

A ALMA DO NEGÓCIO

Um dos provérbios mais populares e que se relaciona com o que realmente pode fazer a diferença no sucesso, pode perfeitamente ser aplicado no futebol. Ou você nunca ouvir falar que “O segredo é a alma do negócio”?

Tive o privilégio de, ao longo da minha atividade no esporte, ocupar espaços em vários segmentos no campo administrativo. E num deles, no cargo de assessor direto da área do futebol, convivi com nomes que me concederam muitos ensinamentos. Vanderlei Luxemburgo, Marco Aurélio Moreira, Adilson Batista, Mário Sérgio Pontes de Paiva, Luiz Carlos Ferreira, Wagner Benazzi, Hélio dos Anjos, cada um com seus conceitos, mas todos com algo incomum: o segredo em suas ações.

Há um ponto, com o qual concordo, que transtorna colegas da imprensa: o tal treino fechado. Ele não é nenhuma novidade, mas continua sendo alvo dos ataques da mídia.

Quando na assessoria do Figueirense, comprei brigas que me rendem até hoje. Ao aplicar a experiência adquirida em centros mais avançados, apliquei as normas dos treinadores, sempre em defesa do bem maior, que era o clube para o qual prestava serviço.

O treino fechado era uma novidade por aqui e quem não saia do seu terreiro, se revoltava. Teve repórter escondido no vestiário do adversário, fotógrafo burlando as normas e se acomodando em prédio em construção, mas as diretrizes foram mantidas e os treinadores trabalhavam com mais privacidade. Na seleção brasileira era mais sofisticado. Tinha – e ainda tem – quem recorra ao uso de drones, para tentar “descobrir” como um time está sendo montado para os grandes e decisivos jogos.

Poucos avaliam a importância do trabalho dos técnicos, quando se deparam com momentos mais importantes de uma competição. Logo, razão total tem o treinador do Flamengo, Filipe Luís, quando depois de perder nas penalidades para o Paris Saint-Germain, o título da Copa Intercontinental de Clubes, desconfiou de “espião” no treino que antecedeu ao jogo. Foi ali que as penalidades foram treinadas e os batedores definidos.

Um descuido administrativo que custou caro para o clube.

Logo, também no futebol “o segredo é a alma do negócio”.

Sem pompas.

Aquela solenidade que daria ostentação e palanque às sanções do Governador Jorginho Mello às medidas aprovadas na Assembleia Legislativa, incluídas algumas do esporte, foi cancelada, mas as medidas foram sancionadas no gabinete oficial. Assim, já no campeonato catarinense que começa no próximo dia 6 de janeiro, os clubes serão aliviados do pagamento da exagerada taxa de segurança, aplicada para o policiamento externo dos estádios. Agora resta saber como ficará a segurança de cada jogo. Se com pagamento já havia falhas, de graça…

Quase todos iguais.

Foto: Assessoria Imprensa/Santa Catarina

Quantas vezes o caro leitor já se deparou com as explícitas manifestações de amor de jogadores para com o seu clube? Aquele famoso beijo no escudo da camisa, o bater no peito depois de um gol ou as declarações de amor à torcida? Desconfie da grande maioria que faz isso. Poucos – e cada dia menos – cumprem suas palavras. Lembram do Mendes, um dos destaques do Santa Catarina que chegou no Avaí se desmanchando de felicidade? No primeiro momento pediu para retornar para a várzea paulista. E até foi, onde fez escala para retornar a Rio do Sul, onde fez novas declarações de amor.

Feito memorável.

Não foi só o Corinthians que se sagrou tetra campeão da Copa do Brasil. O técnico Dorival Júnior, de expressiva passagem pelo Figueirense, também pode gritar: sou tetra! E ninguém duvida dos méritos da grande conquista. Com um time limitado e num clube onde a organização administrativa não é um bom exemplo, Júnior igualou o feito de Luiz Felipe Scolari campeão com Criciúma (1991), Grêmio (1994) e Palmeiras (1998 e 2012). As conquistas de Dorival foram por clubes diferentes: Santos (2010), Flamengo (2022), São Paulo (2023) e Corinthians (2025). Em 2024 ele não participou da competição pois era o treinador da Seleção Brasileira.

Um memorável feito.

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