Coluna JB Telles: cada um na sua, entre SAFs, paixão raiz e o futebol catarinense
Cada um, na sua…

Certa feita, numa viagem um pouco longa e num trecho sinuoso e com baixa visibilidade, solicitei ao meu parceiro ajuda na identificação da sinalização do trânsito. E assim foi feito. Só que em determinado momento ele me disse – “cada um na sua”. Tive que reforçar o olhar e a identificação para saber que placa era aquela que estava sendo por ele descrita. Nada mais nada menos do que o alerta de “proibido ultrapassar”. Meu parceiro tinha razão. Cada um, na sua.
Se um clube vai mal, não consegue os resultados esperados e financeiramente está abalado, todos apontam uma única saída: a tal da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) como se ela fosse uma solução definitiva. E não é.
Os exemplos correm pelo mundo e provam que o problema não é ser ou não ser SAF, mas sim ter competência administrativa, evitando a exigência extrema de tentar encontrar soluções salvadoras fora do corpo associativo ou comunitário da instituição.
Várias SAFs não estão dando certo no Brasil (Botafogo e Vasco, são dois exemplos) enquanto o “modo raiz” de administrar é vitorioso em clubes como Flamengo e Palmeiras. Temos, igualmente, um raiz forte cuja administração não deve servir de exemplo: o Corinthians.
Então se o mercado é igual para todos qual a razão de uns estarem navegando em águas calmas e outros enfrentarem um mar revolto?
Em Santa Catarina, Figueirense, Brusque, Hercílio Luz, Tubarão, Blumenau e Camboriú já consolidaram esta nova situação administrativa e são SAF. E em todos, o calo continua apertando.
Parecem apertar, igualmente, os calos no Avaí (que teve recursos extraordinários em 2025), Joinville e Chapecoense que, abertamente, estão aceitando a ideia de entregar suas tradições para “estrangeiros” abonados. Mesmo que eles pouco entendam da história de cada clube, cada cidade e cada região.
Não julguem minha posição como contrário às SAFs. Apenas desejo que os esperados salvadores cheguem com os recursos, mas não tirem a raiz de cada instituição. Afinal o torcedor até gosta de dinheiro, mas que ele transite por vias bem-sinalizadas, definindo que “o melhor investir é saber administrar”.
Pelas características locais, os clubes não devem eliminar as funções de seus poderes constituídos como os conselhos deliberativo, fiscal e administrativo, muito menos o respeito por seus torcedores.
E como dizia aquela placa, “cada um na sua”.
Paixão raiz.

A desenfreada paixão pelo futebol, ainda fortemente enraizada no Brasil e em todos os seus Estados, sustenta uma manifestação sem limites pelos clubes. São inúmeras as famílias que reúnem em seu seio, sentimentos com diferentes manifestações. Basta ter mais de um clube na cidade para que a “divisão” enriqueça este momento ímpar das nossas tradições. Alguns pais chegam a dedicar bom tempo e muitas ações para evitar que isso aconteça.
Um bom exemplo: os irmãos Paulo Ricardo da Costa Lopes e Luiz Maurício da Costa Lopes, nascerem e se criaram sob o mesmo teto, mas escolheram clubes diferentes para manifestar suas paixões. Filhos de um renomado desportista, dirigente e consagrado profissional da crônica esportiva, Pedro Lopes, Paulo Ricardo e Luiz Maurício seguiram caminhos diferentes nas estradas do futebol. Luiz Maurício é apaixonado pelo Avaí FC e Paulo Ricardo, mais ainda, pelo Figueirense FC. Aliás, no começo da sua formação, foi médico do clube. Na recente decisão da Copa Santa Catarina, quando o Figueirense foi campeão, derrotando o Joinville, o Dr. Paulo Ricardo fez questão de estar no estádio Orlando Scarpelli torcendo pelo seu clube acompanhado dos seus três filhos (Pedro, Gustavo e Augusto) todos devidamente identificados com o manto alvinegro. Um motivo para mostrar aos filhos um caminho que ele percorre e que o avô trilhou como poucos ao longo da sua vitoriosa jornada: o futebol e suas paixões.
Brusque já tem teto.
A cidade de Brusque, que já brilhou com as conquistas estaduais do Carlos Renaux (1950 e 1953) estava prestes a ter o seu mais recente representante campeão estadual da elite catarinense (1992 e 2022) o Brusque FC, sem teto para jogar o próximo estadual. Felizmente está confirmado o estádio Augusto Bauer para os jogos do quadricolor, como inquilino do seu rival, o Carlos Renaux. Dois novos e bons clássicos à vista.
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