Corrida nuclear continua

O mundo aumenta sua capacidade nuclear de destruição.

DMA – IA

Reino Unido acelera o “Projeto Astraea”, novo artefato nuclear que substituirá a ogiva do Trident nos anos 2030

O Ministério da Defesa britânico confirmou que o Projeto Astraea — a nova ogiva nuclear soberana do país — avança como peça central da Defence Review 2025. O programa, conduzido pela Atomic Weapons Establishment (AWE), visa trocar as atuais ogivas Holbrook por um desenho de nova geração a ser integrado aos mísseis Trident II D5 dos futuros submarinos Dreadnought, mantendo a estratégia de dissuasão contínua no mar.

O que é o Astraea

Batizada A21/Mk7 “Astraea”, a ogiva substituirá, a partir dos anos 2030, os modelos em serviço, em paralelo ao desenvolvimento norte-americano da W93 (com compartilhamento do invólucro Mk7 e de componentes não nucleares, sob tratados vigentes), mas com projeto britânico próprio. O objetivo é garantir que a dissuasão do Reino Unido siga “moderna, segura e eficaz” por toda a vida útil da classe Dreadnought.

Quanto custa e o que muda no processo

O governo estima £ 15 bilhões para o programa de ogivas nesta legislatura, investimento que, além da modernização tecnológica, sustenta empregos de alta qualificação na cadeia nuclear (a AWE ampliou seu quadro e operações em Aldermaston e Burghfield). Parte crucial do avanço será feita sem testes nucleares com explosões, em linha com o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), usando modelagem avançada, supercomputação (ex.: Damson) e física de lasers (Orion) para simular condições de detonação.

Cronograma e marcos já públicos

O Ministério da Defesa informou ao Parlamento que o financiamento do Astraea está previsto no orçamento do programa nuclear e que o desenvolvimento segue o ciclo formal de aquisição (fase de conceito já concluída), com entrada em serviço nos anos 2030, à medida que as ogivas atuais se aproximam do fim da vida útil.

Debate público: segurança, transparência e alinhamento com os EUA

Especialistas veem o Astraea como evolução necessária para preservar a paridade tecnológica com aliados e a confiabilidade do sistema Trident; críticos questionam custos, opacidade de números e se reformas/vida-extra nas ogivas existentes seriam suficientes. O governo argumenta que colaboração técnica com os EUA (no escopo do Mk7 e de P&D) não retira o caráter soberano do desenho britânico.

Importância

O Astraea ancorará a dissuasão nuclear do Reino Unido sem testes com explosões, apoiada em ciência de materiais, hidrodinâmica e simulações de alta energia — um ambiente inédito para a engenharia de ogivas no país. Para a OTAN, Londres reforça que a sua força nuclear permanece dedicada à defesa da Aliança, mantendo a contribuição britânica ao equilíbrio estratégico no Atlântico Norte.

O Projeto Astraea sai do papel como a próxima geração da ogiva do Trident: A21/Mk7, investimento de £ 15 bilhões, testes substituídos por simulação e integração aos Dreadnought a partir dos anos 2030. É a aposta britânica para preservar a credibilidade e a autonomia do seu dissuasor nuclear — com impactos tecnológicos e industriais que extrapolam o setor militar.

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