Quando a mente pesa mais que a realidade: distorções cognitivas e a ansiedade de fim de ano

Psicóloga Tatiana Guarnieri nos ajuda a lidar com a mente.

DMA: IA

*O que é distorção cognitiva? e por que ela piora sua ansiedade no fim do ano*

O fim do ano costuma trazer uma mistura intensa de emoções. Além das tarefas acumuladas e dos compromissos que se encerram, surge um tipo específico de ansiedade: aquela sensação de que você deveria ter feito mais, sido mais, chegado mais longe.

Muitas vezes, essa angústia não vem da realidade em si, mas da forma como a sua mente passa a interpretá-la. É aí que entram as distorções cognitivas.

*Quando a mente corre mais rápido do que a realidade*

Você já percebeu como, em certos momentos, sua mente parece disparar antes mesmo de qualquer fato concreto acontecer?

Esse é o terreno onde surgem as distorções cognitivas: formas automáticas, exageradas e pouco realistas de interpretar situações do dia a dia. Elas não aparecem porque você é fraco ou pessimista. Elas surgem porque o cérebro tenta proteger você de possíveis ameaças, mesmo quando essas ameaças são apenas hipóteses.

*Por que elas ficam mais fortes no fim do ano?*

No fim do ano, alguns gatilhos se intensificam:

* Comparação com outras pessoas

* Revisão do que “deu certo” ou “não deu”

* Expectativas irreais sobre produtividade e conquistas

É nesse contexto que a mente começa a criar histórias como:

* “Todo mundo avançou, menos eu.”

* “Se eu não concluí tudo, significa que falhei.”

Esses pensamentos parecem verdades absolutas, mas na maioria das vezes são interpretações distorcidas da realidade, não fatos.

Um filtro simples para identificar distorções cognitivas é aprender a diferenciar o que é fato do que é suposição.

Quando um pensamento angustiante surgir, experimente se perguntar: “O que estou pensando agora é uma evidência real ou uma interpretação?”

* Fato: algo que pode ser comprovado no presente.

* Interpretação: conclusões, previsões ou julgamentos que a ansiedade constrói.

Esse pequeno filtro já ajuda a reduzir a ativação emocional, porque interrompe o ciclo do pensamento catastrófico e traz a mente de volta para o agora.

O problema não é pensar demais, é acreditar em tudo o que a mente cria. Na Terapia Cognitivo-Comportamental, entendemos que o sofrimento não está em ter pensamentos difíceis, mas em aceitá-los como verdades sem questionamento.

A mente cria histórias o tempo todo, mas nem todas são justas. Aprender a observar esses pensamentos, questioná-los e flexibilizá-los é um processo e é exatamente isso que a terapia ajuda a desenvolver.

A terapia pode ser esse espaço seguro para reorganizar a mente, aliviar o peso das cobranças e atravessar esse período com mais clareza e gentileza.

Se esse tema fez sentido para você, saiba: é possível aprender a lidar melhor com esses padrões. E você não precisa fazer isso sozinho.

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