Estados Unidos e China fecham trégua comercial.

Acordo entre as duas grandes potências beneficiam a economia global.

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping saíram do encontro desta semana com um pacote de distensão econômica: redução parcial de tarifas em itens selecionados, sinal verde para rodadas técnicas sobre comércio de insumos críticos (como terras-raras) e uma agenda operacional para temas sensíveis — de combate ao fentanyl a regras para plataformas digitais e compras agro. Não é o fim da rivalidade, mas um movimento para administrá-la e dar previsibilidade às cadeias produtivas.

O gesto tem efeito imediato sobre preços e estoques em setores globais como eletrônicos, energia e automotivo, que dependem de componentes produzidos ou processados na China. Com tarifas menores e exportações menos travadas, empresas americanas tendem a ver alívio de custos e um impulso ao investimento; do lado chinês, exportadores ganham fôlego e visibilidade para planejar embarques. Nos mercados, a leitura inicial é de menor risco de escalada, o que ajuda bolsas e crédito — ainda sujeito ao humor dos dados de inflação e crescimento.

Para a economia global, a trégua reduz a “febre” de um conflito que vinha contaminando fretes, prazos e estoques. Países exportadores de commodities — como o Brasil — sentem efeitos mistos: há chance de reorganização de fluxos no agro (especialmente soja e milho) caso a China amplie compras nos EUA, mas, em compensação, melhora a disponibilidade e o preço de insumos industriais usados aqui (ímãs permanentes, ligas e químicos), o que beneficia manufatura e energia.

Nada disso, porém, encerra as frentes mais estratégicas. Restrições ligadas a chips avançados, IA e dados permanecem na mesa, com cláusulas de revisão que podem ser reativadas se metas não forem cumpridas. Em resumo: houve trégua com cronograma, e não paz definitiva. Ainda assim, para empresas, investidores e consumidores, o recado é claro — por ora, menos atrito e mais previsibilidade na relação entre as duas maiores economias do mundo.

O que foi acordado (em termos práticos)

  1. Tarifas – Washington fará um corte parcial (reportado em cerca de 10 p.p. em listas selecionadas), condicionando a continuidade a novas rodadas técnicas. Isso reduz custo de importação para segmentos de bens de consumo e insumos industriais.
  2. Terras-raras e portos – Pequim suspende por um período os controles reforçados e encargos portuários ligados à exportação de terras-raras e subprodutos, o que alivia cadeias de eletrônicos, carros elétricos e energia limpa.
  3. Fentanyl – criação de canal operacional (polícia/aduana/saúde) para rastrear precursores químicos e coibir tráfico; tema sensível na política doméstica americana.
  4. Agro – sinal verde para elevar compras de commodities agrícolas dos EUA, trazendo fôlego a produtores e frete marítimo.
  5. TikTok – confirmação de princípios para uma solução que evite interrupção do app nos EUA; implementação depende de reguladores e tribunais.

As bases do pacote foram esboçadas nos dias prévios por negociadores dos dois países; o encontro presidencial serviu para destravar pontos e dar previsibilidade ao curto prazo.

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