Javali – problema se agrava…
Conter o crescimento desordenado é uma necessidade urgente.

Santa Catarina em alerta com a explosão de javalis.
Espécie exótica invasora já atinge a maior parte do estado; governo aperta regras e amplia capacitações. Agricultores relatam perdas na lavoura e temem riscos sanitários para a suinocultura.
O quadro atual
Em Santa Catarina, o avanço do javali (Sus scrofa) atingiu escala inédita. Entre abril/2019 e maio/2024, o Ibama emitiu 165 mil autorizações de manejo, com registros em 236 municípios — cerca de 79% das cidades catarinenses, segundo o IMA.
A Cidasc estima uma população próxima de 200 mil animais no estado, com relatos concentrados em regiões como a Serra e o entorno do Parque Nacional das Araucárias.
Por que a população cresce
- Alta reprodução: fêmeas com mais de uma ninhada por ano e “varas” numerosas aceleram a ocupação do território.
- Oferta de alimento: lavouras e pastagens ampliam a disponibilidade de comida.
- Poucos predadores naturais: ausência de controle biológico efetivo em escala.
Prejuízos no campo e riscos
Produtores relatam devastação de milho, soja, trigo, pastagens e hortas, além de danos a cercas e instalações. O alerta maior é sanitário: o javali pode atuar como vetor para doenças de alto impacto em suínos — um risco para a cadeia exportadora catarinense.
O que diz a lei (e o que mudou)
- Em SC: a Lei 18.817/2023 autoriza o controle populacional e o manejo sustentável do javali-europeu. Em mar/2024, o Decreto 501/2024 regulamentou a lei.
- Plano estadual: o IMA instituiu o Plano de Manejo e Controle do Javali pela Portaria 197/2023, com governança interinstitucional (IMA, Cidasc, PMA, Ibama e Secretaria da Agricultura) e diretrizes para priorização territorial, monitoramento e capacitações.
- Norma federal: desde 2013, o Ibama reconhece o javali como espécie nociva e define regras nacionais para controle por meios físicos (cadastro no CTF, relatórios e autorização do proprietário).
Como combater (o que funciona)
- Ação contínua e coordenada: planejamento por bacias/municípios, com repetição periódica das operações. (Eficácia cresce quando o manejo é simultâneo em áreas vizinhas.)
- Armadilhas de “curral” + monitoramento: permitem capturar grupos inteiros de uma vez, reduzindo dispersão e custo por animal. Cursos oficiais vêm padronizando o método em SC.
- Equipes regularizadas: atuação de controladores cadastrados e entidades habilitadas, dentro das regras do Ibama e do Plano estadual.
O que o poder público está fazendo
Além da base legal e do plano, o estado ampliou capacitações práticas (construção e operação de armadilhas, protocolos de bem-estar e biossegurança) e reforçou a coordenação entre IMA, Cidasc, Polícia Militar Ambiental e Ibama. A meta é dar escala ao manejo e integrar dados de autorizações, capturas e áreas críticas.
Serviço ao produtor
- Quem pode manejar: pessoas físicas/jurídicas cadastradas no CTF/IBAMA e autorizadas; é obrigatória a anuência do proprietário/possuidor do imóvel.
- É proibido: venenos, armadilhas letais sem previsão normativa, maus-tratos, transporte/comercialização de carcaças e ações fora das autorizações.
- Capacitações: o IMA e parceiros oferecem treinamentos para manejo com armadilhas de curral e monitoramento. Procure o escritório regional do IMA/Cidasc.
- Sanidade: suspeitas e ocorrências devem ser notificadas à Cidasc; não consumir nem destinar carnes oriundas do controle.
O que observar nos próximos meses
- Frequência e coordenação das operações nas regiões mais afetadas (Serra e entorno de UCs).
- Biossegurança na suinocultura — manutenção de barreiras sanitárias e vigilância ativa.
- Aprimoramentos no Plano estadual — integração de bases e metas por território para acelerar respostas.
