Jorginho Mello esta correto.
Em ano pré-eleitoral, pressionar por definições agora só amplia ruído e risco de rachar bases.

O processo político é dinâmico e tem rituais de tempo: sondagens discretas, mapeamento de forças, teste de cenários e, só então, fechamento de acordos. Forçar decisões com quase um ano de antecedência é criar problema antes da hora. Em arcos amplos — alianças com vários partidos, cada um trazendo pleitos legítimos por espaço e narrativa — a antecipação transforma divergências negociáveis em ruídos públicos, deteriora confiança e contamina a gestão em andamento. Há muitos cargos e mais interessados ainda; e a história mostra que, na reta final dos prazos legais, quem “bate o martelo” são partidos e suas lideranças, diante do que a realidade eleitoral permite — não o calendário de ansiedade de grupos isolados.
Do ponto de vista de governabilidade, antecipar é trocar capital político por desgaste. Um governo bem avaliado — caso de Jorginho Mello, com mais de 30 anos de estrada — tem um handicap raro: pode esperar. Quem tem avaliação alta não precisa “queimar cartucho” cedo; usa o tempo para testar composições, reduzir incertezas (jurídicas, eleitorais e programáticas) e chegar aos 30 dias finais com acordos maduros, custo menor de concessões e base mais coesa. É racional: quanto mais perto do prazo, mais claras ficam as viabilidades de cada chapa, mais baratas se tornam exigências inviáveis e mais fáceis são os encaixes que evitam candidaturas de risco.
O ambiente informacional amplia a confusão. Em veículos e redes, surgirão “listas de compromissos”, “acertos” e “nomes fechados” — alguns com lastro, a maioria cascas de banana para fazer o governante sinalizar antes do tempo. A resposta institucional responsável é não morder a isca: manter diálogo aberto, ouvir pleitos, dar balizas programáticas e deixar claro que definição só na janela adequada. Isso protege a gestão, evita fraturas desnecessárias e preserva a autoridade de quem decide.
Negociação madura segue uma lógica simples: (1) mapa de forças por região/segmento; (2) pontos não negociáveis do governo (agenda, responsabilidade fiscal, prioridades); (3) espaços possíveis para aliados, com critérios objetivos; (4) cronograma de conversas com “checkpoints” até a janela final; (5) trava de comunicação — sem vazamentos que inviabilizem conversas. Assim se evita que sinalizações prematuras criem direitos adquiridos onde só havia ensaio de composição.
Em síntese, antecipar é desperdício de poder. O governador tem experiência para saber que tempo, coesão e resultado de governo valem mais do que manchetes de hoje que cobram a fatura amanhã. As decisões formais virão no compasso da lei e da viabilidade real — como sempre foi e continuará sendo. E, salvo melhor juízo, está correto em seguir essa cartilha.
