Marinha portuguesa intercepta barcos brasileiros com 7 toneladas de cocaína | DMA Notícias

Barcos que teriam saído de Santa Catarina foram detidos em águas internacionais com carga milionária; todos os tripulantes são brasileiros.

Foto: Divulgação

A Marinha portuguesa realizou uma grande apreensão de drogas em alto-mar, ao interceptar duas embarcações em águas internacionais nas proximidades da Ilha da Madeira, carregadas com cerca de sete toneladas de cocaína. As lanchas, segundo informações preliminares obtidas por este portal, seriam embarcações brasileiras que teriam saído de Santa Catarina, e estavam tripuladas por 10 brasileiros, que agora responderão por tráfico internacional de drogas perante a Justiça portuguesa.

A operação se insere no contexto de um esforço crescente de Portugal no combate ao narcotráfico no Atlântico. Nos últimos meses, a Marinha e a Polícia Judiciária portuguesas vêm intensificando ações em cooperação com forças de outros países, como Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, para interceptar cargas de cocaína oriundas da América do Sul com destino ao mercado europeu. Em março deste ano, por exemplo, um “narco-submarino” semissubmersível já havia sido apreendido em águas internacionais a sul dos Açores, com quase sete toneladas de cocaína a bordo e cinco tripulantes — três deles brasileiros.

No caso mais recente, junto à Madeira, as autoridades portuguesas atuaram com base em informações de inteligência compartilhadas em estruturas internacionais como o MAOC-N (Maritime Analysis and Operations Centre – Narcotics), que coordena o combate ao tráfico marítimo de drogas no Atlântico. Nas embarcações, a droga estava acondicionada em fardos prensados, padrão comum dos grandes carregamentos transatlânticos. Em operações anteriores na região, navios e aeronaves de França, Espanha e Portugal já haviam atuado em conjunto, interceptando lanchas rápidas que navegavam em alta velocidade carregadas de cocaína.

As primeiras informações indicam que os 10 tripulantes brasileiros foram detidos e deverão passar por interrogatório e audiência de custódia em Portugal, podendo depois ser alvo de cooperação judicial com o Brasil. A Polícia Federal brasileira, que já participa de investigações ligadas a essas rotas — inclusive em operações que apreenderam um semissubmersível “submarino do tráfico” na Ilha do Marajó, diretamente ligado a uma apreensão de quase sete toneladas de cocaína em águas portuguesas em março deste ano — acompanha o caso por meio dos canais de cooperação internacional.

A rota Atlântico Sul–Europa se consolidou como uma das principais portas de entrada da cocaína produzida na América do Sul para o mercado europeu. Com frequência, as cargas saem do litoral brasileiro ou da região amazônica em direção à Península Ibérica, utilizando desde navios mercantes e veleiros até lanchas de alta velocidade e embarcações semissubmersíveis construídas de forma clandestina. Nessas travessias, o risco não é apenas criminal: qualquer erro, perseguição ou confronto em alto-mar coloca em perigo a vida de tripulantes, militares e até embarcações civis que cruzam as mesmas rotas.

Para o Brasil, o episódio é mais um duro golpe na imagem do país como ponto de partida de grandes carregamentos de cocaína rumo à Europa. Para as autoridades portuguesas, trata-se de mais uma confirmação de que o arquipélago da Madeira, assim como os Açores, está numa zona sensível das rotas do narcotráfico. Cada operação bem-sucedida interrompe temporariamente o fluxo, mas também evidencia o nível de organização e de recursos das redes criminosas que atuam no Atlântico.

O caso agora segue em investigação em Portugal, com foco em identificar quem financiou as embarcações, de onde saiu exatamente a droga, quais organizações controlam a rota e como se dá a ligação com estruturas criminosas no Brasil. Do lado brasileiro, a expectativa é de que os desdobramentos ajudem a expor e desarticular grupos que usam a costa do país — inclusive Santa Catarina e outros estados do Sul — como plataforma de saída para o tráfico internacional.

No centro de tudo isso, porém, permanece uma constatação incômoda: enquanto as quadrilhas disputam rotas e fortunas e os estados tentam reagir com operações de alto risco, quem mais sofre os efeitos do tráfico são as populações comuns, nas cidades brasileiras e europeias, que amargam violência, corrupção e insegurança alimentadas por esse mesmo mercado ilícito que atravessa o oceano em lanchas e “submarinos” carregados de cocaína.

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