Nicholas Winton, o homem que salvou 669 crianças do Holocausto | DMA Notícias
A emocionante história de Nicholas Winton, um dos maiores heróis silenciosos do século XX.

Em um século marcado por guerras, ódio e intolerância, a história de Nicholas Winton é um dos raros exemplos de coragem silenciosa que mudam o destino de centenas de vidas. Britânico, filho de judeus alemães que migraram para a Inglaterra, Winton trabalhava como corretor da Bolsa de Valores em Londres quando, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, decidiu interromper suas férias de esqui para atender a um pedido de ajuda em Praga, na então Tchecoslováquia.
Ali, em meio à escalada do nazismo e ao medo crescente entre famílias judias, ele percebeu que muitas crianças estavam condenadas se nada fosse feito. Em apenas nove meses, entre o fim de 1938 e o início de 1939, Winton organizou, praticamente com papel, máquina de escrever e um pequeno grupo de voluntários, uma operação de resgate que ficaria conhecida como o “Kindertransport tcheco”. Ele e sua equipe montaram um cadastro das crianças em risco, buscaram famílias dispostas a acolhê-las no Reino Unido e providenciaram toda a burocracia para emissão de vistos, garantias financeiras e viagens de trem.
Entre março e agosto de 1939, oito trens partiram de Praga rumo a Londres, cruzando territórios já controlados pelos nazistas, levando crianças com uma etiqueta de identificação pendurada no pescoço e apenas uma mala pequena nas mãos. Ao todo, 669 meninos e meninas, em sua maioria judeus, foram salvos de um futuro quase certo de deportação para campos de concentração. Muitos jamais voltariam a ver seus pais.
O mais impressionante é que Nicholas Winton não falou sobre o que fez por quase 50 anos. Sua história só veio à tona em 1988, quando sua esposa encontrou, no sótão de casa, uma velha pasta com listas, cartas, fotos das crianças e documentos da operação de resgate. O material chegou a uma produtora de TV, e Winton foi convidado para participar do programa britânico “That’s Life!”. Sem saber, ele se sentou em uma plateia cheia de adultos que, um dia, haviam sido aquelas crianças salvas por ele. Quando a apresentadora pediu que ficasse de pé quem devia a vida a Nicholas Winton, dezenas de pessoas ao seu redor se levantaram. As imagens daquele momento rodaram o mundo e emocionam até hoje.
A partir daí, Winton passou a ser chamado de “Schindler britânico” pela imprensa, em referência a Oskar Schindler, que salvou judeus na Polônia. Recebeu homenagens em vários países, foi condecorado pela rainha Elizabeth II, em 2003, por “serviços à humanidade”, e, em 2014, recebeu a mais alta honraria da República Tcheca, a Ordem do Leão Branco.
Sir Nicholas Winton morreu em 1º de julho de 2015, aos 106 anos, deixando um legado que vai muito além dos números. Não são apenas 669 crianças salvas, mas milhares de descendentes que existem hoje porque, um dia, alguém se recusou a ser espectador diante da injustiça. Seu lema, repetido em entrevistas, sintetiza sua visão de mundo: “Se algo não é fundamentalmente impossível, deve haver uma maneira de fazê-lo.”
Contar essa história é mais do que resgatar um capítulo do passado. É lembrar que, mesmo nos períodos mais sombrios, houve quem escolhesse a coragem, a empatia e a ação. Para cada leitor, a vida de Nicholas Winton é um convite a não se omitir diante do sofrimento alheio. Heróis, às vezes, usam capa; outras vezes, usam terno, óculos e um simples bloco de anotações — e mudam o curso da história.
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