Orçamento 2026 e emendas: a conta bilionária que segue sem transparência e irrita o país

Projeções do Orçamento de 2026 reservam dezenas de bilhões para emendas parlamentares; o problema central, mais uma vez, é a rastreabilidade do dinheiro e o risco de desperdício em um Brasil cheio de urgências.

DMA: IA

O Orçamento de 2026 voltou a escancarar uma distorção que corrói a confiança do cidadão: enquanto o país discute prioridades básicas — saúde, saneamento, infraestrutura, segurança e programas sociais — a máquina política segue blindando uma montanha de recursos para emendas parlamentares, muitas vezes com dificuldade real de rastreamento e com histórico de denúncias e suspeitas sobre a destinação.

É importante separar o que é legítimo do que virou “farra”. Emendas não são, por si só, um crime. Em tese, elas servem para levar recursos a municípios e regiões que precisam de obras e serviços. O ponto é que, na prática, o volume e, principalmente, a falta de transparência em parte dessas indicações transformaram o mecanismo em um símbolo do Brasil que dá errado: muito poder concentrado, pouca prestação de contas e um incentivo permanente ao uso político do orçamento.

Na proposta orçamentária enviada ao Congresso, o governo já previu R$ 40,8 bilhões em emendas impositivas (individuais e de bancada), e o valor pode crescer com o acréscimo de outras modalidades, como emendas de comissão, conforme as negociações avançam. Em paralelo, o Congresso aprovou a LDO de 2026 com a criação de um calendário que pressiona o Executivo a liberar grande parte dessas emendas ainda no primeiro semestre — um tipo de regra que, na prática, aumenta o peso das emendas na engrenagem política do ano.

O problema fica ainda mais sensível quando lembramos que o próprio processo orçamentário recebe um volume gigantesco de emendas e remanejamentos: foram 7,4 mil emendas apresentadas ao projeto do Orçamento de 2026, somando R$ 255,5 bilhões em valores associados a remanejamentos e pedidos de ampliação de despesas. Isso ajuda a explicar por que, ano após ano, a sensação do brasileiro é a mesma: as prioridades nacionais viram um cabo de guerra, e a pauta do país fica refém do “toma-lá-dá-cá” travestido de emenda.

Quando se fala em “falta de transparência”, não é retórica. O cidadão precisa conseguir responder, com simplicidade: quem indicou, para onde foi, para que foi, quanto foi pago, quem executou, qual foi o resultado e qual órgão fiscalizou. Hoje, existe consulta pública no Portal da Transparência para acompanhar emendas — o que é um avanço —, mas a crítica recorrente do debate nacional é que nem sempre o nível de detalhamento e padronização atende ao que a sociedade espera quando se trata de bilhões do dinheiro público.

Enquanto isso, o Brasil real continua cobrando a fatura do abandono: filas, obras que não saem do papel, saneamento insuficiente que adoece e encarece a saúde pública, estradas críticas, escolas e creches que precisam de estrutura, segurança pressionada, e um contingente enorme de famílias dependentes de assistência para sobreviver. É legítimo que parlamentares destinem recursos para suas bases? Sim. É aceitável que isso aconteça sem rastreabilidade forte, com cifra bilionária e desconfiança social crescente? Não.

O que o país precisa — e com urgência — é simples de dizer e difícil de executar: emenda só deveria existir com transparência total e padronizada, com metas e entregas públicas, fiscalização efetiva, punição rápida para desvios e, principalmente, prioridade nacional acima da conveniência política. Se não for assim, a “farra” continuará: muda o discurso, troca o governo, alterna a maioria… e o cidadão segue pagando a conta.

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