Petrobras reduz o preço da gasolina.

A decisão é positiva, mas a duvida é quanto realmente será em benefício do consumidor.

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Gasolina vai cair R$ 0,14 por litro nas distribuidoras a partir de amanhã; quanto disso chega à bomba?

A Petrobras anunciou que reduzirá em R$ 0,14 por litro (–4,9%) o preço médio da gasolina A vendida às distribuidoras. Com o ajuste, o valor de referência nas refinarias passa de R$ 2,85 para R$ 2,71 a partir desta terça (21). É a segunda queda no ano (a primeira foi em junho, de –R$ 0,17), após quase cinco meses de estabilidade.

O que muda — e por que o repasse ao consumidor varia

  • A redução vale na saída da Petrobras (gasolina A). Esse combustível é misturado ao etanol anidro para formar a gasolina C, vendida nos postos. Desde 1º de agosto, a mistura obrigatória subiu para 30% de etanol (E30) na gasolina comum, por decisão do CNPE.
  • Na prática, o corte de R$ 0,14 na gasolina A equivale, se totalmente repassado, a R$ 0,10 por litro na gasolina C (cálculo pela participação de 70% de gasolina A em cada litro). O valor final depende ainda de estoques já comprados, custos logísticos e estratégias comerciais de distribuidoras e postos.

Composição do preço: a Petrobras é cerca de 1/3

O preço nas bombas reflete a soma de parcela Petrobras, etanol anidro, impostos e margens de distribuição e revenda. Em painel da própria companhia com dados da ANP e do Cepea/USP (semana de referência nacional), a parcela Petrobras responde por 32% do preço final — algo próximo de um terço.

Impostos: o que é nacional e o que varia

  • ICMS (estadual): desde fev/2025, é ad rem (valor fixo por litro) e unificado nacionalmente em R$ 1,47/l para gasolina/etanol — regra definida pelo Confaz. Estados, porém, têm diferenças de logística e políticas locais que influenciam o preço final ao consumidor.
  • Tributos federais: PIS/Cofins e Cide incidem por litro; sua participação aparece separada no painel de composição.

Contexto recente

Em junho, a Petrobras já havia cortado a gasolina em 5,6% (–R$ 0,17), levando o preço médio à época para R$ 2,85/l nas distribuidoras. O ajuste de agora reduz esse valor para R$ 2,71/l.


O que observar nos próximos dias

  1. Pesquisas semanais da ANP sobre preços ao consumidor — sinalizam o repasse real nas bombas por estado e capital.
  2. Efeito do E30 — com 30% de etanol anidro na mistura, variações no custo do etanol também pesam sobre o preço final.
  3. Rotatividade de estoque — postos com compra mais recente tendem a refletir o novo patamar mais rápido do que redes com tanques abastecidos a preços antigos.

Em termos práticos

Se todo o corte da Petrobras for repassado e imediatamente (o que raramente ocorre de forma uniforme), a gasolina poderia cair cerca de R$ 0,10/l na bomba. Num abastecimento de 50 litros, isso daria R$ 5,00 de economia. Mas com ICMS fixo por litro, tributos federais, custo do etanol e margens no meio do caminho, o consumidor pode ver menos do que isso — ou ver a queda diluída ao longo da semana.

Pergunta que fica: afinal, quanto desse –R$ 0,14 vai chegar ao seu bolso na bomba — R$ 0,10, R$ 0,07… ou quase nada? A resposta virá do repasse das distribuidoras e dos postos nos próximos dias e das condições locais (estoque, logística e concorrência).

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