Políticos transformam tragédia em palanque.
Urgente: Muda Brasil

O que muitos políticos estão fazendo beira o ridículo — e passa da linha da irresponsabilidade. A megaoperação virou palanque ambulante: discursos de ocasião, vídeos performáticos, frases para engajar nichos e medir cliques. Esquerda x Direita travam uma guerra de narrativas enquanto famílias choram seus mortos e comunidades inteiras seguem reféns do crime organizado. Em vez de empatia, cálculo eleitoral. Em vez de seriedade, show.
O Rio vive, há anos, uma escalada do poder paralelo. No meio disso, estão cidadãos trabalhadores abandonados pelo Estado, acuados entre a violência que se impõe e a incapacidade do poder público de garantir o básico: segurança e liberdade de ir e vir. Não vamos discutir aqui o mérito técnico, jurídico ou operacional da ação — isso cabe à apuração séria, com dados, perícia e transparência. O que denunciamos é o oportunismo cínico de quem transforma cadáver em ativo político.
Parlamentares e governantes deveriam estar unidos, apesar das diferenças, para desenhar políticas consistentes de segurança, inteligência, controle de fronteiras, financiamento e presença do Estado onde ele sumiu. Democracia é mosaico, não linchamento: pensamentos distintos convergindo para soluções. Para isso foram eleitos. O sentimento que se impõe, porém, é outro: a maioria parece mais preocupada com a própria carreira do que com quem os elegeu. E, a cada repetição desse teatro, fica claro: para muitos, o cargo vale mais que a vida.
Aos políticos que tratam tragédia como trampolim: tenham pudor. A crise do Rio não é palco para ensaios de campanha, é teste de caráter. Se não forem capazes de baixar o tom e trabalhar juntos por respostas concretas, que pelo menos não atrapalhem. O que o país exige, agora, é seriedade — e respeito por quem paga com o medo, o luto e a vida o preço da omissão do Estado.
