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Copom (4–5/nov): tendência é manter a Selic em 15% — por quê

Com a reunião do Copom marcada para 4 e 5 de novembro de 2025, o cenário-base no mercado é de manutenção da Selic em 15% ao ano, nível que o Banco Central segurou na decisão anterior e que, segundo as minutas, segue “consistente” com a convergência da inflação ao redor da meta no horizonte relevante.

O pano de fundo

A inflação cheia voltou a acelerar em setembro: o IPCA subiu para 5,17% em 12 meses (de 5,13% em agosto), ainda acima da meta de 3% — quadro que, por si só, desaconselha afrouxar as condições monetárias. Ao mesmo tempo, a atividade segue positiva (PIB +2,2% a/a no 2º tri) e o desemprego está em mínimas históricas (5,8%), sinalizando um mercado de trabalho apertado e pressão sobre serviços.

Por que a manutenção virou consenso

  1. Expectativas e comunicação: integrantes do BC já indicaram que a pausa na alta exige “permanecer por mais tempo” com juros elevados, para consolidar a desinflação e reancorar expectativas. Projeções de analistas também apontam Selic estável até o fim de 2025, com cortes apenas em 2026.
  2. Condições externas benignas, mas não decisivas: o Federal Reserve iniciou cortes em 2025 e o petróleo recuou para a casa de US$ 60–62, fatores que aliviam câmbio e combustíveis — porém ainda insuficientes para embasar um corte já.
  3. Atividade doméstica resiliente: com emprego e renda firmes, a política monetária precisa seguir contracionista para trazer a inflação à meta de forma sustentável, como frisou o BC nas minutas.

O que pode pesar na decisão e no comunicado

  • Inflação resistente nos núcleos/serviços e expectativas acima da meta continuam no radar.
  • Fiscal: ruídos recentes no Congresso e dúvidas sobre a trajetória das contas públicas elevam o prêmio de risco e podem manter o tom cauteloso do Copom.
  • Câmbio e commodities: a valorização do real ao longo de 2025 ajuda a desinflar bens, e o petróleo barato é um vento a favor — ambos monitorados, mas sem garantir espaço imediato para cortes.

Sinal esperado

O call mais provável é manter a Selic em 15% e reiterar: (i) vigilância sobre expectativas e núcleos; (ii) dependência de dados; e (iii) necessidade de juros altos por mais tempo até que a convergência esteja assegurada. O balanço de riscos deve continuar “assimétrico”, com menção ao fiscal.

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