Tragédia em Hong Kong: incêndio no Wang Fuk Court já deixa 36 mortos e 279 desaparecidos | DMA Notícias

Chamas atingiram conjunto residencial de 31 andares em Tai Po; fogo foi agravado por andaimes de bambu.

Um incêndio de proporções catastróficas atingiu nesta quarta-feira um dos maiores conjuntos habitacionais de Hong Kong, o Wang Fuk Court, em Tai Po, elevando para 36 o número confirmado de mortos e deixando 279 pessoas oficialmente desaparecidas — a tragédia pode se tornar o incêndio mais mortal da cidade em quase 30 anos.

O complexo residencial, composto por oito torres de 31 andares e cerca de 1.984 unidades habitacionais — lar de aproximadamente 4.600 pessoas segundo dados de registro imobiliário — foi parcialmente consumido pelas chamas, que começaram por volta das 14h50 no horário local. A polícia e os bombeiros confirmaram que as chamas se alastraram rapidamente após atingirem andaimes de bambu e telas de proteção externa, usados em reformas recentes nas fachadas.

A gravidade da situação levou as autoridades a declararem o incêndio como uma emergência “nível 5” — o mais alto na escala utilizada em Hong Kong — mobilizando quase 800 bombeiros, 128 viaturas e equipes de resgate nos prédios vizinhos. Ruas próximas foram fechadas, habitações foram evacuadas às pressas e mais de mil pessoas foram acolhidas em abrigos provisórios.

Entre as vítimas fatais está um dos bombeiros que trabalhava no resgate — identificado como Ho Wai‑ho, de 37 anos —, que colapsou durante a operação e não resistiu aos ferimentos. Ao menos sete pessoas seguem internadas em estado crítico, e dezenas aguardam nas listas de desaparecidos enquanto os esforços de busca continuam por escombros, torsos de prédios e apartamentos destruídos.

Moradores que conseguiram escapar relataram cenas de horror: chamas saindo por todas as janelas, fumaça negra cobrindo os corredores, famílias que se desesperavam, crianças em prantos e idosos sem ter para onde correr. Vizinhos da área denunciaram também falhas no sistema de alarme e salas de emergência. Muitos afirmaram que a propagação foi tão rápida que não houve tempo real de evacuação — o andaime de bambu, segundo técnicos, funcionou como uma verdadeira “tocha vertical” ao redor dos prédios.

As causas exatas do incêndio ainda estão sob investigação pelas autoridades de Hong Kong, em conjunto com equipes de perícia e incêndio. A hipótese principal segue sendo o material inflamável do andaime em reforma, possivelmente associado a uma faísca, erro humano ou falha elétrica. Se confirmada, pode haver responsabilização criminal e um novo debate público sobre normas de segurança para construções e reformas em áreas densamente povoadas.The Guardian+1

O incêndio acontece pouco antes de uma eleição municipal agendada para o início de dezembro — e já gerou cancelamentos de eventos de campanha, medidas emergenciais de abrigo e promessa de investigação profunda por parte do governo local. O presidente da China, Xi Jinping, manifestou condolências às famílias das vítimas e cobrou rigor nos esforços de resgate e assistência.

A tragédia reabre uma discussão antiga em Hong Kong: apesar de ser uma das regiões com regras mais rígidas de construção e engenharia do mundo, a utilização de andaimes de bambu — tradicional no território há décadas — continua comum, especialmente em reformas de fachadas. Críticos afirmam que a decisão de abolir gradualmente esse tipo de estrutura, anunciada pelo governo no início deste ano, deveria ter sido mais rápida e mais eficaz. Agora, famílias choram entes perdidos, e a sociedade exige respostas.

Para o mundo, o episódio serve como alerta dura e urgente: quando as regras de segurança são negligenciadas, as consequências atingem com velocidade, fogo e dor reais — e não há bambu, sirene ou porta corta-fogo que compense o descuido.

Sobre o autor

Compartilhar em: