Trânsito segue ceifando vidas: Santa Catarina registra mais de uma dezena de mortes na semana de Natal e alerta precisa virar prioridade

Acidentes em rodovias e áreas urbanas se repetem todos os anos, e os números revelam um problema que vai além do “azar”: velocidade, álcool, imprudência e falhas estruturais transformam o trânsito em uma tragédia permanente.

Foto: Gerada por IA

A semana de Natal, que deveria ser marcada por encontros, celebrações e reconciliações, virou novamente um retrato duro de um Brasil que ainda perde vidas demais no trânsito. Em Santa Catarina, mais de uma dezena de pessoas morreu em acidentes nos últimos dias — casos em sequência, em rodovias federais e estaduais, em trechos urbanos, em colisões frontais, capotamentos, saídas de pista e atropelamentos.

E o mais triste é que a sensação é de repetição. Basta acompanhar o noticiário para perceber que não se trata de um fenômeno isolado: Santa Catarina vive esse problema com intensidade, assim como vários outros estados brasileiros. O trânsito, hoje, é uma das maiores causas de morte evitável do país. É uma violência diária — só que sem manchetes prolongadas, sem indignação coletiva duradoura e, principalmente, sem mudança de comportamento na velocidade que os números exigem.

A tragédia tem múltiplas causas, mas quase sempre passa por alguns fatores conhecidos e recorrentes.

O primeiro deles é velocidade. A pressa virou estilo de vida, e o excesso de confiança transformou estradas em pistas de risco. Em frações de segundo, uma ultrapassagem indevida, uma curva mal feita ou uma frenagem tardia mudam destinos para sempre.

O segundo é álcool — um inimigo que, mesmo com a Lei Seca e fiscalização, continua produzindo mortes, mutilações e famílias destruídas. O brasileiro ainda insiste em normalizar o “só uma cerveja”, como se isso não alterasse reflexos, julgamento e percepção de risco. Não existe “álcool seguro” ao volante.

O terceiro fator é a imprudência cotidiana, aquela que muitas vezes parece pequena — olhar o celular por dois segundos, dirigir cansado, não manter distância, ignorar sinalização, andar sem capacete ou sem cinto. O resultado, porém, pode ser fatal.

E existe também um componente estrutural que não pode ser ignorado: estradas mal sinalizadas, trechos perigosos, falta de iluminação, buracos, ausência de áreas de escape e falhas de engenharia viária, que agravam a gravidade de acidentes e aumentam o risco para quem já trafega sob tensão. A responsabilidade, nesse caso, não é apenas do motorista, mas também do poder público.

O problema vai além das mortes. Muitos sobrevivem, mas ficam com sequelas permanentes: amputações, traumatismos graves, limitações físicas e psicológicas. É uma tragédia que continua depois do impacto. E isso gera um custo gigantesco, que recai diretamente sobre o sistema de saúde pública — hospitais lotados, cirurgias complexas, reabilitação prolongada e famílias desestruturadas emocionalmente e financeiramente.

O trânsito brasileiro mata, mutila e empobrece. E ainda assim, ano após ano, seguimos tratando isso como “fatalidade”. Não é. Trânsito é consequência de comportamento e de gestão.

Por isso, é urgente cobrar uma mudança real. E ela passa por três frentes:

  1. Fiscalização forte e constante, não apenas em feriados
  2. Educação permanente, desde a infância até campanhas frequentes para adultos
  3. Infraestrutura mais segura, com investimentos em rodovias, sinalização e engenharia viária inteligente

Campanhas educativas não podem ser apenas peças institucionais em datas específicas. Precisam ser contínuas. Governos e iniciativa privada devem assumir que prevenir mortes no trânsito é uma responsabilidade coletiva, permanente e estratégica — tão relevante quanto qualquer política pública de saúde.

Porque, no final, a conta é simples:
um minuto de pressa não vale uma vida.
E uma vida vale mais do que qualquer desculpa.


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