Varejo projeta Natal 2025 morno.
Juros altos e endividamento freiam o consumo.
As expectativas para o Natal de 2025 no comércio são de alta pequena. O pano de fundo explica: 79,5% das famílias relataram dívidas em outubro — novo recorde — e os juros seguem elevados, com a Selic mantida em 15% ao ano na reunião do Copom de 5 de novembro. Nesse ambiente, redes e lojistas independentes antecipam ofertas, ampliam campanhas digitais e apostam no canal on-line para compensar a perda de fôlego do consumo presencial.
O quadro de renda e crédito pesa do lado da demanda. A CNC registrou endividamento em máxima histórica pelo 3º mês seguido, sinal de que o orçamento das famílias está comprimido em meio a financiamento caro e prazos mais curtos. Do lado macro, o Copom reiterou cautela e não sinalizou cortes no curto prazo — o que encarece parcelamentos e desestimula tíquete alto. Resultado: projeções internas do varejo falam em crescimento real modesto, sustentado por categorias de preço médio e consumo recorrente.
Para reduzir atrito na compra, o setor acelera táticas que deram certo na Black Friday: entrega rápida, retire na loja, cashback e parcelamento com entrada. No on‑line, relatórios apontam avanço de dois dígitos no faturamento do e‑commerce em 2025 e expectativa de pico nas semanas entre a Black Friday e o Natal — ajudado por marketplaces, social commerce e live shopping.
No emprego, a tendência é de contratações temporárias — mais enxutas e focadas em picos de atendimento, logística e última milha. Entidades do varejo estimam dezenas de milhares de vagas no país, com possibilidade de efetivação para parte dos temporários no 1º trimestre de 2026, conforme o giro de estoque e o caixa de cada rede.
O que observar nas próximas semanas (tendências de campo):
• Promoções antecipadas e “segunda onda” pós‑Black Friday para limpar estoque;
• Crescimento do on‑line acima do físico, puxado por frete ágil e sellers regionais;
• Categorias resilientes (alimentos/bebidas, beleza, casa, moda acessível) liderando o volume;
• Varejo físico usando loja como hub logístico;
• Ticket médio pressionado, compensado por mais itens por compra.
Dicas:
• Quando comprar: antecipa quem puder; preços tendem a subir na última semana antes do Natal.
• Como pagar: evite parcelas longas em ambiente de juros altos; compare custo efetivo total.
• Canais oficiais: priorize sites verificados; desconfie de links por mensagem.
• Direitos do consumidor: no on‑line, há 7 dias para arrependimento após o recebimento.
O ano de 2025 deve ser um Natal de eficiência, não de exuberância. Com bolso apertado e crédito caro, o varejo que planejar estoque, precificar com inteligência e integrar canais tende a sair na frente — sem abrir mão de boas práticas de crédito e atendimento.
