Venera 13 – a odisseia da sonda
Rumo ao desconhecido: 127 minutos no inferno de Vênus.

Venera 13: a sonda soviética que mostrou — em cores — como é estar na superfície de Vênus
Lançada pela União Soviética em 30 de outubro de 1981, a Venera 13 entrou na atmosfera de Vênus e pousou em 1º de março de 1982, transmitindo as primeiras fotos coloridas do solo venusiano e dados inéditos sobre a química das rochas. Projetada para resistir cerca de meia hora, sobreviveu 127 minutos sob condições extremas (460 °C e 90 atm de pressão) antes de silenciar.
Do lançamento ao pouso
- Trajeto: um foguete Proton-K colocou a nave em rota para Vênus. O módulo de descida separou-se do ônibus interplanetário pouco antes da chegada.
- Entrada atmosférica: a cápsula atravessou nuvens densas de ácido sulfúrico usando escudos térmicos, paraquedas (descartados nas camadas mais baixas) e freios aerodinâmicos até tocar o solo em terreno rochoso e pouco inclinado.
- Local: planície basaltizada, com blocos e placas fraturadas (o aspecto “rachado” é marcante nas imagens panorâmicas).
O que a Venera 13 mediu e mostrou
- Imagens históricas: duas panorâmicas coloridas de 180°, além de fotos em P&B, revelando rochas achatadas e solo compactado; foram as primeiras fotos em cores a partir da superfície de Vênus.
- Som do vento: a sonda registrou ruídos ambientes (vento fraco e vibrações), oferecendo a primeira “ambiência sonora” do planeta.
- Química do solo: um perf furador coletou amostra e a analisou por fluorescência de raios X, indicando composição basáltica (semelhante a basaltos terrestres).
- Meteorologia extrema: sensores confirmaram temperatura e pressão esperadas do “inferno” venusiano e atmosfera dominada por CO₂, com traços de SO₂.
Por que a missão foi um marco
- Pioneirismo visual: consolidou o retrato mais realista do chão de Vênus até hoje (as outras Venera haviam feito imagens em P&B).
- Geologia in situ: a assinatura basáltica ajudou a entender a história vulcânica do planeta.
- Engenharia: provar que uma sonda podia funcionar por mais de duas horas em 460 °C e 90 atm foi um feito técnico que até hoje poucos países replicaram.
- Legado científico: os dados da Venera 13 (e da Venera 14, lançada na mesma janela) viraram linha de base para modelos de clima, química e tectônica venusiana, e seguem orientando propostas de novas missões “de alta temperatura”.
