A prisão de Bolsonaro e a força eleitoral de Carlos Bolsonaro em Santa Catarina | DMA Notícias

“Análise sobre como a prisão de Jair Bolsonaro pode fortalecer a candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado por Santa Catarina e complicar a equação política entre lideranças conservadoras no estado.”

Não é nenhuma novidade que o eleitorado catarinense mantém forte identificação com Jair Bolsonaro. Para muitos, a ascensão do ex-presidente representou a quebra de uma hegemonia política que durou décadas, o chamado “teatro de tesouras”, no qual PSDB e PT polarizavam disputas nacionais como se estivessem em lados opostos, apesar de inúmeras convergências práticas. Durante anos, o conservadorismo brasileiro ficou sem um representante legítimo, e apenas figuras como Enéas Carneiro tentaram ocupar esse espaço — sem estrutura partidária ou força eleitoral para transformar essa identificação em um movimento nacional.

Bolsonaro, quando venceu em 2018, preencheu essa lacuna. Transformou-se em símbolo e deu voz a um segmento político que, até então, sentia-se órfão. Não por acaso, ajudou a eleger centenas de nomes desconhecidos, muitos dos quais posteriormente romperam com ele — e o eleitor conservador deixou claro que não perdoa traição, derrubando nas urnas quem abandonou o ex-presidente.

Diante dessa realidade, a prisão de Jair Bolsonaro — provoca um terremoto político imediato, especialmente em Santa Catarina, o estado onde ele tem presença eleitoral mais consolidada. Em um momento de fragilidade para o líder maior, cresce a força simbólica de seu filho, Carlos Bolsonaro, que surge como potencial candidato ao Senado catarinense em 2026.

O cenário estadual já era delicado: há três pré-candidatos alinhados ao mesmo campo disputando duas vagas. Com Bolsonaro afastado do embate eleitoral, negar espaço ao próprio filho ganha peso de gesto político com consequências profundas. Qualquer recuo, hesitação ou tentativa de neutralidade pode ser interpretado pela base como infidelidade — e, como a história recente mostra, esse eleitorado não hesita em punir quem considera traidor.

A candidatura de Carlos Bolsonaro, nesse contexto, deixa de ser apenas uma disputa interna e passa a carregar valor simbólico. Representa continuidade, lealdade e resistência em um momento de ataque ao principal líder da direita brasileira. Isso coloca as lideranças locais diante de uma equação extremamente sensível: conciliar interesses regionais sem provocar rupturas com uma base que vê em Carlos a extensão direta de Bolsonaro.

Caso o ex-presidente permaneça impossibilitado de participar das articulações eleitorais, surgirá um desafio maior ainda: identificar e legitimar novas lideranças capazes de representar o conservadorismo de forma autêntica. Santa Catarina, por ser o estado onde Bolsonaro encontrou maior aderência, terá papel fundamental na reorganização desse movimento.

A verdade é que 2026 será um marco. O eleitor conservador não busca discursos ambíguos; busca coerência, firmeza e alinhamento claro. As decisões tomadas nos próximos meses definirão não apenas a composição da chapa ao Senado, mas o próprio futuro do bloco político que domina o estado desde 2018.

E, como sempre, será o eleitor quem dará a palavra final — e esse eleitor já demonstrou que não tolera titubeios nem traições.

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