Briga no PL abre espaço para adversários.

Divergências públicas elevam o custo político.

Como este portal alertou em 4 de novembro — “Briga pública no PL é erro estratégico” — a continuidade do confronto interno no PL de Santa Catarina cobra um preço crescente. A escalada do embate, potencializada por novas manifestações e respostas públicas, desloca o foco do adversário para a autofagia, divide a militância, dificulta a coordenação de discurso e amplia o espaço para movimentos de articulação de outras siglas com vistas a 2026.

O pronunciamento do senador Jorge Seif reabriu frentes de atrito e reoxigenou a disputa de narrativas. Quando divergências deixam de ser tratadas nos foros adequados e migram para o palco das redes e veículos de comunicação, o custo imediato é a perda de foco estratégico; o custo subsequente é a desorganização da agenda — dirigentes e parlamentares passam a reagir a fatos internos em vez de pautar o debate estadual.

Nesse vácuo de coordenação, políticos habilidosos avançam suas peças. O presidente da ALESC, deputado Júlio Garcia (PSD), tem sinalizado abertura ao diálogo e fez gestos públicos que soam como convites a composições. Ao elogiar lideranças como Esperidião Amin (PP) e Caroline de Toni (PL), reforça a mensagem de que há portas entreabertas para arranjos pragmáticos. Em política, elogio não é acaso; é sinal.

O movimento importa porque, em ano pré-eleitoral, as coligações se costuram nos detalhes. Quando um partido exibe divisão, perde poder de barganha nas mesas onde se definem palanques, majoritárias e prioridades orçamentárias. Adversários ocupam o centro da conversa e começam a organizar um roteiro de convergência que apresenta estabilidade ao eleitor — que valoriza proposta, previsibilidade e resultado.

Os efeitos colaterais do conflito vão além do noticiário do dia:
Narrativa negativa persistente: manchetes sobre racha substituem agenda propositiva.
Base fragmentada: ativistas passam a disputar entre si, reduzindo alcance e disciplina digital.
Barganha enfraquecida: aliados hesitam, indecisos migram para palanques com menos ruído.
Risco de desalinhamento programático: sem coordenação, crescem contradições entre discurso estadual e municipal.
Custo de recomposição: quanto mais tarde vier o “freio de arrumação”, maior o preço em concessões.

Para mitigar perdas e reordenar a tropa, o check-list mínimo é conhecido:
Silenciar o conflito público e internalizar as negociações com cronograma alinhado ao calendário eleitoral.
Definir critérios de decisão para vagas e prioridade de recursos, comunicando-os de forma sucinta e unificada.
Restabelecer a narrativa com foco em entregas, dados e metas verificáveis — e não em personalismos.
Isolar a disputa de redes: sem réplica impulsiva; toda resposta passa por validação de mensagem e porta-voz.

Em política, tropeços têm preço. O PL/SC só recupera capacidade de manobra se voltar a projetar unidade externa e transferir o conflito para onde ele é produtivo: porta fechada, método claro, disciplina de comunicação. Enquanto persistir a lógica do embate público, a conta segue crescendo — e os adversários, atentos, ocupam o espaço deixado aberto.

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