Coluna Tatiana Guarnieri | DMA Notícias
Quando o cansaço não vem da agenda, mas das expectativas internas que você aprendeu a exigir de si mesmo.
Não é o fim do ano que está te cansando. É o peso que você está carregando.
Chega o fim do ano e, junto com ele, a sensação de cansaço. A mente começa a repetir: “é muita coisa acumulada”, “não vejo a hora de descansar”. Mas será que é mesmo só o fim do ano que te esgota? Ou há algo mais profundo nesse cansaço que insiste em ficar mesmo quando você tenta parar?
A verdade é que, muitas vezes, o cansaço não vem apenas do que você faz, vem do que você cobra de si mesmo o tempo todo: a pressão de ser produtivo, de não decepcionar ninguém, de estar sempre no controle… tudo isso cria um peso invisível. Essa autocrítica constante acaba te drenando e o que era pra ser apenas uma fase de muito trabalho ou de pequenas tarefas se transforma em uma sobrecarga emocional silenciosa.
Na Terapia Cognitivo-Comportamental, aprendemos que nossos pensamentos influenciam diretamente nossas emoções e comportamentos.
Ou seja: o modo como interpretamos o que vivemos pode aumentar (ou aliviar) o peso que sentimos. Por isso, quando surgir aquele pensamento de “eu preciso dar conta de tudo”, vale a pena fazer uma pausa e se perguntar: O que é realmente minha responsabilidade agora? Esse simples exercício de reestruturação cognitiva ajuda a identificar o que é fato e o que é apenas uma cobrança exagerada que você aprendeu a carregar.
Cuidar da saúde mental não é apenas sobre “fazer pausas” ou “tirar férias”. É sobre entender o que tem te deixado sobrecarregado internamente, sobre olhar para as suas crenças, expectativas e pensamentos automáticos e decidir que você não precisa mais se medir pela sua produtividade. Ao enxergar esses padrões de cobrança, é possível substituí-los por pensamentos mais gentis, realistas e funcionais. Porque cuidar de si também é deixar o que não é seu e se permitir respirar de novo.
Então se o fim do ano chegou e a exaustão também, talvez o problema não esteja no calendário, mas na forma como você tem se cobrado.
Reflita.
Sobre a autora
Tatiana Guarnieri é psicóloga, com atuação em saúde mental e desenvolvimento emocional. Na coluna do DMA Notícias, escreve sobre ansiedade, relacionamentos, autocobrança, estresse e outros desafios da vida contemporânea, sempre com foco em orientação prática e linguagem acessível.
Sobre o autor
